Esporotricose e gestação

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Estamos aqui para, mais uma vez, falarmos sobre esporotricose

Desta vez, é a solicitação de orientação de uma paciente gravida.

Vários foram os questionamentos e trouxemos as repostas aqui no nosso site para podermos orientar outras pessoas que possam necessitarem.

Como tratar uma gestante acometida por esporotricose:

No caso de gestantes, não é aconselhável  tratar com itraconazol, terbinafina ou iodeto de potássio. Em caso de esporotricose em gestantes, orientamos a realização de calor local (hipertermia) e uso de óleo ozonizado local.  (Importante – Sempre sendo acompanhado por um dermatologista). Tendo possibilidade, lavar com água ozonizada antes de passar o óleo ozonizado mas, sabemos que adquirir essa água é difícil, então, apenas faça uma boa assepsia . Sendo um caso grave e necessário o tratamento, é preciso encaminhar para um centro de referência para realização de tratamento com anfotericina B. Anfotericina B é tratamento de escolha em casos de infecções fúngicas sistêmicas, principalmente se essas micoses ocorrerem em pacientes imunodeprimidos e, em gestantes, pode ser um tratamento indicado como de segunda linha porém, é contraindicado em pacientes com insuficiência renal.

Além da hipertermia, existe uma metodologia muito interessante usando nitrogênio líquido que pode ser observada no final deste artigo: Esporotricose humana: recomendações da Sociedade Brasileira de Dermatologia para o manejo clínico, diagnóstico e terapêutico

Como se dá a contaminação ou a transmissão:

A contaminação se dá pelo contato do fungo com a pele ou mucosa. Isso ocorre por meio de trauma decorrente de acidentes com espinhos, lascas de madeira, palhas ou arranhadura ou mordedura de animais contaminados, sendo mais comum o gato. Pode acorrer contaminação se uma pessoa com algum ferimento entrar em contato com a lesão do animal contaminado. Na pele íntegra, o contato com a lesão é mais difícil que ocorra contaminação.

Também pode haver a contaminação através das vias aéreas, aspirando o esporo do fungo.

Não temos relatos ou trabalhos que mostrem transmissão inter-humanos.

Sintomas e tempo de incubação:

Tanto os sintomas quanto o tempo de incubação vão depender da forma de contaminação cutânea (afeta a pele) ou extracutânea (afeta órgãos internos)

O período de incubação varia entre dias, uma semana a um mês, podendo chegar a seis meses após a entrada do fungo no organismo.

CUTÂNEA – Quando a  contaminação se dá com uma “agressão” da pele pode ocorrer uma  infecção e começa normalmente como um caroço (nódulo) pequeno e indolor semelhante a uma picada de inseto ou mesmo com um arranhão que se transforma em uma lesão. O caroço aumenta lentamente e forma uma ulceração aberta. É importante o tratamento imediato pois se não for tratada, a esporotricose pode disseminar-se pelos vasos linfáticos de um dedo, mão e braço, causando a formação de ulcerações abertas na pele ao longo do caminho e ser infectadas por outras bactérias, causando infecção mais disseminada da pele.

EXTRACUTÃNEA – São os casos de acometimento de órgãos internos, por exemplo, quando o fungo afeta os pulmões. Nesse caso pode surgir tosse, falta de ar, dor ao respirar e febre.

As formas da doença vão depender de fatores, como o estado imunológico do indivíduo, a profundidade da lesão, o tempo de inicio de tratamento, etc.

Outros questionamentos:

Tivemos uns questionamentos perguntando se a mãe gestante for contaminada durante a gestação, haveria possibilidade de afetar o bebê. Acompanho vários trabalhos sobre o tema e, em nenhum caso, houve problemas com os bebês. Isso pode ser visto neste trabalho em detalhes: Esporotricose na gestação: relato de cinco casos numa epidemia zoonótica no Rio de Janeiro, Brasil
A pergunta comum também é se a família pode se contaminar e, como já esclareci em outros artigos, não há relatos de transmissão da esporotricose de pessoas para pessoa.

Finalizando:

Resumidamente podemos dizer que o tratamento imediato é fundamental para que a esporotricose não se dissemine.

Quem tiver mais interesse em detalhes, pode ler o trabalho que está bastante fácil de ser entendido.

A anamnese completa, acompanhada dos exames complementares necessários ajudará a compreender o estado geral do paciente, o tipo de acometimento e a manifestação apresentada fazendo com que o diagnóstico seja claro, objetivo e o mais correto possível.

Dra Célia Wada

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