Este artigo tem a finalidade de esclarecer aos nossos leitores e nossos pacientes a importância da nutrição integrativa no tratamento das patologias e na recuperação da saúde e melhoria da qualidade de vida de todos.
Precisamos fazer a diferença na vida das pessoas… O ato de voltar as atenções para os hábitos alimentares é algo que tem ganhado atenção nos últimos anos e, realmente, essa atenção é de suma importância como se sabe desde os tempos remotos… “Dos alimentos farás a tua medicina”, frase de Hipócrates, sábio médico da Grécia antiga, nascido em 460 a.C., o que comprova que a relação da alimentação saudável com a saúde é conhecida há muito tempo e hoje, temos condições de usar e aprimorar essa medicina.
Existe uma grande diferença entre ALIMENTAR e NUTRIR.
Nem sempre quem está “alimentado” está realmente “nutrido”.
Essa diferença que é fundamental no entendimento da restauração da atividade celular. Mesmo tendo e ingerindo bons alimentos, podemos não estar fornecendo o nutriente que o organismo está necessitando naquele determinado momento.
Usamos sempre um exemplo simples, veja, a gasolina pode ser da melhor qualidade mas se colocarmos essa gasolina em um veículo que necessita de óleo diesel, o motor não irá funcionar da forma correta.
Parece confuso mas não é. Em resumo simples podemos dizer que precisamos oferecer o combustível certo, na hora certa. Isso é o que chamamos de Nutrição Integrativa.
Na Medicina Integrativa usamos a NUTRIÇÃO INTEGRATIVA que elenca todas os tipos de dietas buscando restaurar e MANTER a saúde celular dos pacientes através da nutrição celular plena.
Sabemos que a alimentação do organismos regula um conjunto complexo de sinais hormonais. Carboidratos, aminoácidos e lipídios consumidos na dieta são depositados na forma de triacilgliceróis no tecido adiposo. A insulina, um hormônio anabólico, está envolvida na síntese de lipídios e na formação de triacilgliceróis.
No nível mitocondrial, a oxidação β é controlada pela entrada e participação de alguns substratos nas mitocôndrias. A enzima CPT I sintetiza Acil Carnitina a partir de Acil CoA citosólico.
Quando o organismo é alimentado, a acetil-CoA carboxilase é ativada e o citrato aumenta os níveis de CPT I, enquanto diminui sua fosforilação (reação dependente de AMP cíclico).
Isso causa um acúmulo de malonil CoA, que estimula a síntese de ácidos graxos e bloqueia sua oxidação, impedindo a geração de um ciclo fútil.
No caso do jejum, a atividade da carboxilase é muito baixa, pois os níveis da enzima CPT I foram reduzidos e também fosforilados, ativando e promovendo a oxidação dos lipídios, o que permitirá subsequentemente a formação de corpos cetônicos através de acetil-CoA.
Isso tudo é um conjunto onde devemos ALIMENTAR para promover a NUTRIÇÃO.
Em medicina integrativa usamos a NUTRIÇÃO INTEGRATIVA de forma PERSONALIZADA ou seja, escolhemos o alimento certo para ser oferecido na hora certa de forma a acompanhar, na medida do possível, a tendência natural do paciente tentando interferir da menor forma em seu “dia a dia”. (Não adianta dizer para um paciente japonês que nunca mais vai poder comer peixe cru pra melhorar sua saúde…se assim o fizer, com certeza ele nunca irá fazer e dieta e muito menos melhorar sua saúde)
Na medicina Integrativa usamos a NUTRIÇÃO como forma de melhorar todo o desempenho do paciente. Através da NUTRIÇÃO e de outras práticas integrativas complementares, buscamos o perfeito estado de equilíbrio corporal.
Para entendermos bem o mecanismo da nutrição celular, estudamos a METABOLIZAÇÃO DOS ALIMENTOS EM SEU ASPECTO BIOQÚMICO para que possamos estudar os mecanismos reguladores celulares a nível de ADP/ATP que devemos usar para a nutrição das células, dos tecidos e dos órgãos.
Esse estudo faz com que possamos montar cardápios especiais de acordo com a necessidade de cada paciente. Usamos de várias dietas que induzem formação nutricional direcionadas e reações específicas no paciente.
Temos vários tipos de dietas e, para cada paciente, um caminho a ser seguido… Cada tipo de alimento induz o organismo a uma determinada reação da mesma forma que as patologias adquiridas também induzem o organismo a diferentes reações.
Nosso papel é exatamente o de equilibrar aquilo que falta com aquilo que tem a mais. Verificamos o estado geral do paciente, quais suas deficiências, quais os índices dos parâmetros estudados e elaboramos um cardápio orientado. Cada tipo de alimento, cada tipo de dieta, traz uma determinada reação no organismo.
O Equilíbrio que buscamos, está EXATAMENTE em sabermos qual o problema, como restaurar e, depois, como manter.
Apenas dizer que fazemos uma dieta equilibrada em nutrientes, a dieta equilibrada “convencional” ou uma “dieta balanceada” não é suficiente. A dieta pode ser equilibrada mas não adequada ou seja, para cada pessoa, para cada situação há uma necessidade e o ponto de equilíbrio é alcançado através de combinações diferentes, estudadas detalhadamente.
NUTRIÇÃO é o PONTO INICIAL de todo tratamento integrativo.
Costumamos dizer que existem 3 tipos de orientações nutricionais ou o que podemos chamar de DIETAS.
As dietas pontuais estabilizantes, as dietas de rotina e dietas de foco.
O que seriam essas 3 dietas?
Dieta pontual estabilizante – é uma dieta para ser utilizada durante um determinado tempo para uma determinada restauração.
Dieta de rotina – é a dieta que o paciente pode seguir após ter seu restabelecimento celular completo.
Dieta de foco – é a dieta que fazemos com a finalidade de levar o organismo a uma determinada condição metabólica.
Geralmente, as dietas estabilizantes e as dietas de foco são utilizadas por um curto espaço de tempo porém, dependendo da patologia do paciente, uma dieta estabilizante ou de foco pode se tornar de rotina ou parte dela.
Muitas dietas ou estilos de alimentação estabilizantes podem ser incorporados no dia a dia do paciente. Tudo depende da análise pontual do paciente e de suas necessidades.
– É MUITO IMPORTANTE ter cuidado com o que chamamos de “Dietas da MODA” ou seja, quando alguém vem falar sobre uma determinada “dieta” você precisa saber se realmente existe embasamento técnico ou apenas é um “moda criada” por “achistas” inventores de assuntos na internet.
Infelizmente, hoje em dia, as pessoas buscam os assuntos no google, nem examinam a fonte e já se intitulam especialistas naquele assunto. É bastante complicado. Geralmente, esses “influenciadores” carregam as pessoas e multiplicam seus “conhecimentos” muitas vezes acarretando em problemas irreversíveis para os “seguidores”.
Isto é um alerta! SEMPRE CONHEÇA A FONTE da informação que você está lendo…
Como já mencionamos acima, geralmente, as dietas estabilizantes são utilizadas por um curto espaço de tempo porém, dependendo da patologia do paciente, uma dieta estabilizante pode se tornar de rotina ou parte dela, por exemplo, uma dieta onde haja, temporariamente, a restrição do glúten, pode se tornar de rotina caso tenhamos a constatação do paciente ser Celíaco. Se, apenas estamos desinflamando por problemas de flora intestinal local, de adesões irregulares, de agregações de vilosidades, entre outras, apenas restringimos o glúten por um tempo até que os marcadores se estabilizem. Por exemplo, o glútem não é um “modismo”, e para que todos entendam apresento uma das razões para restrição do glúten. Os alimentos que contêm glúten ativam uma proteína chamada Zonulina, que é a responsável pela regulação das junções apertadas do intestino. Essa Zolunina, quando liberada, dilata essas junções e permite que partículas maiores e toxinas cheguem à flora intestinal, aumentando a inflamação. Fazemos o tratamento desintoxicante, pode ser necessário até reposição de flora dependendo do grau de inflamação. Diminuindo os marcadores, podemos voltar a alimentação normal.
Caso seja de sua preferência e esteja em conformidade com seu metabolismo. Um paciente com severidade renal, não poderá incorporar em seu dia a dia uma dieta rica em carnes vermelhas por conta da uréia.
Uma inflamação crônica das articulações (gota) pode correr por conta do aumento do ácido úrico. A alimentação para levar a desinflamação precisa ser acompanhada até os parâmetros retornarem ao normal. Fazemos a dosagem de vários parâmetros e, uma das orientações nutricionais é que o consumo excessivo de carne, peixe e marisco tendem a atingir níveis mais elevados de ácido úrico e um maior risco dessa inflamação. Por conta do alto teor de proteínas, as carnes que apresentam maior risco são as de vaca, porco e cordeiro, sendo que os peixes mais implicados são os mais oleosos, como as sardinhas, o salmão, a truta e o atum. Um paciente com gota, em estado de inflamação, deve evitar, também, algumas frutas mais doces (como os figos, as bananas, as uvas, os pêssegos) que podem causar hiperuricemia.
Alguns trabalhos científicos interessantes e de fácil compreensão.
Carbamilação de proteínas e o risco de ESKD em pacientes com DRC
Carne vermelha ligada a risco de Insuficiência Renal.
Um exemplo onde a dieta de foco necessita ser permanente é o caso da fenilcetonúria que é uma doença genética rara caracterizada pela presença de uma mutação responsável por alterar a função de uma enzima no organismo responsável pela conversão do aminoácido fenilalanina em tirosina, o que leva ao acúmulo de fenilalanina no sangue, que em grandes concentrações é tóxico para o organismo, podendo causar deficiência intelectual e convulsões, por exemplo.
Essa doença genética tem caráter autossômico recessivo, ou seja, para que a criança nasça com essa mutação é preciso que os dois pais sejam pelo menos portadores da mutação.
A fenilcetonúria não tem cura, no entanto o seu tratamento é feito por meio da alimentação, sendo necessário evitar o consumo de alimentos ricos em fenilalanina, como queijos, ovos, leite e carnes, por exemplo. Essa patologia, se não for diagnosticada imediatamente após o nascimento (detectada no exame conhecido como Teste do Pezinho), e a alimentação ser completamente restritiva, a criança pode chegar ao óbito. Esse teste de ser realizado entre as primeiras 48 e 72 horas de vida do bebê.
Resumindo – apenas balancear, não adianta. É preciso saber com o que balancear…
Alguns exemplos de dietas de foco e algumas dietas de rotina lembrando que esses nomes são, APENAS, uma classificação sugerida e utilizada pelo nosso grupo:
Dieta cetogênica
Eu aprecio muito essa dieta PORÉM…precisa ser muito bem acompanhada.
Resumidamente podemos dizer que a dieta cetogênica restringue a glicose para que seja usada diretamente a gordura armazenada.
Os corpos cetônicos são produtos do metabolismo dos ácidos graxos, são o beta-hidroxibutirato, o acetoacetato e a acetona. Em situações onde há deficiência de energia, o acetoacetato, produzido normalmente no metabolismo dos ácidos graxos, não pode ser metabolizado e sofre redução a beta-hidroxibutirato ou descarboxilização até acetona.
A cetose ou cetonemia é uma condição caracterizada por um aumento anormal na concentração de corpos cetônicos nos fluídos corporais (sangue, urina, leite e saliva). Esta condição é comumente encontrada em situações como diabetes mellitus, jejum prolongado, má nutrição e mal absorção. A cetose está geralmente associada com hipoglicemia.
Podemos induzir, de forma controlada, essa cetose para os “reparos” necessários para a célula com a dieta cetogênica.
Como mencionado acima, no metabolismo da gordura, formamos os corpos cetônicos. Os corpos cetônicos são produzidos a partir do acetil-CoA principalmente na matriz mitocondrial das células do fígado quando os carboidratos estão escassos ou inesistentes e a energia deve ser obtida através da quebra dos ácidos graxos. A acetona é formada a partir da descarboxilação espontânea do acetoacetato.
Em medicina integrativa, controlamos a chamada epilepsia através dessa dieta. O número elevado de corpos cetônicos leva à redução da frequência de convulsões epilépticas nos pacientes. Em média, quando fazemos esse tratamento, metade das crianças e jovens que utilizaram essa dieta com as corretas variações, tem os episódios serem reduzidos pela metade e, as vezes, zerados…. fazemos modulações dietéticas porque esses benefícios prosseguem mesmo após o paciente ter saído da chamada cetose.
Dr. Thomas Seyfried utiliza a dieta cetogênica para tratamentos de doenças como câncer e prevê um número entre 3,0 mmol/L e 6,0 mmol/L nesses casos.
Veja…em casos de câncer, onde há um aumento significativo de ureia no cérebro, temos que restringir totalmente o uso de carnes e derivados para diminuir a uremia e aumentar corpos cetônicos para modulação.
Como mencionei acima, essa dieta precisa ser muito bem acompanhada. É preciso controlar bem pois a consequência mais danosa é a formação do quadro de cetoacidose o que pode levar um indivíduo a morte. É o que ocorre muitas vezes no paciente com diabetes descompensado onde temos uma cetose natural do paciente, não que estivéssemos induzindo essa cetose. O profissional integrativo conhece muito bem o “odor” de um paciente em cetose.
Em situações onde a produção de corpos cetônicos é alta, como por exemplo o jejum prolongado e o diabetes descompensado (cetose natural, não induzida), o cérebro também pode utilizar o acetoacetato ou o D-β-hidroxibutirato como fonte de energia. A alta concentração desses compostos ativa a enzima monocarboxilato trasnlocase, que permite a entrada desses corpos no tecido nervoso. É importante compreender que a produção de corpos cetônicos é anormalmente alta quando a lipólise não é acompanhada pela degradação de carboidratos ou seja, carbohidratos existem mas a via continua sendo a lipídica. Em situações dessas, há uma gravidade e ocorre a diminuição de oxalacetato. Isto porque não tem mais piruvato oriundo da via glicolítica e no tecido hepático a via da gliconeogênse consome ainda mais esse oxalacetato. A baixa concentração de oxalacetato faz com que a via de oxidação do acetil-CoA diminua drasticamente. Assim, o acetil-CoA se acumula e se condensa formando os corpos cetônicos. Quando a produção é muito alta pode levar ao quadro de cetose com cetonemia e cetonúria presentes. Outra particularidade e a eliminação do excesso da acetona o que leva a um hálito com odor característico como já mencionamos acima.
Mais detalhes sobre – Mecanismo bioquímico da produção de corpos cetônicos.
Dieta alcalina
Geralmente usada por exemplo, para correção de acidose metabólica em insuficiência renal crônica.
O pH é uma medida da acidez ou alcalinidade de uma solução. Assim, a concentração de íons hidrogênio (H+) presentes na solução. O pH varia numa escala de 0 a 14, onde 0 é altamente ácido, 7 é neutro e 14 é altamente alcalino. Soluções com um pH menor que 7 são ácidas, enquanto soluções com um pH maior que 7 são alcalinas.
No corpo humano, o pH é uma medida importante da acidez ou alcalinidade do sangue e outros fluidos corporais. O pH normal do sangue humano é ligeiramente alcalino, variando de 7,35 a 7,45. O corpo humano tem mecanismos fisiológicos que ajudam a regular o pH, incluindo o sistema de tampão, que pode compensar mudanças na acidez ou alcalinidade.
O intervalo de pH do organismo é bastante preciso e pequenas variações do pH normal são significativas e podem ter efeitos negativos no corpo. Por exemplo, uma condição chamada acidose metabólica ocorre quando o pH do sangue cai abaixo de 7,35 podendo levar a sintomas como respiração rápida, confusão e fadiga. Outro exemplo é o que a chamada alcalose metabólica que ocorre quando o pH do sangue sobe acima de 7,45, o que pode levar a sintomas como tonturas, náuseas e convulsões.
Como ocorre esse mecanismo de neutralização induzido:
O cálcio na forma de fosfatos e carbonatos representa um grande reservatório de base em nosso organismo. Em resposta a uma carga ácida, como na dieta diária digamos “normal” mesmo que balanceada, esses sais são liberados na circulação sistêmica para promover a homeostase. Na insuficiência renal crônica, a correção da acidose metabólica com bicarbonato melhora significativamente os níveis da paratireoide e da forma ativa da vitamina D 1,25(OH)2D 3. Fazemos isso através de uma dieta alcalina.
Em problemas com GH, usamos a dieta alcalina ao invés de medicamentos e, também, pode melhorar muitos aspectos da saúde cardiovascular, memória e cognição;
Pacientes uso de quimioterápicos, usamos dieta alcalina pois alguns agentes quimioterapêuticos requerem um pH maior, ou seja, mais alcalino.
Quando o pH arterial está na faixa normal, uma leve redução do bicarbonato plasmático resulta em um balanço negativo de cálcio que poderia se beneficiar da suplementação de bicarbonato na forma de bicarbonato de potássio. Verificou-se que o bicarbonato, que aumenta o conteúdo alcalino de uma dieta, mas não o potássio, pode atenuar a perda óssea em idosos saudáveis.
Dieta anti inflamatória
E a dieta que usamos em medicina integrativa como base inicial de qualquer tratamento.
A inflamação é um processo natural no corpo e refere-se à resposta do sistema imunológico a um agente irritante.
Assim como em uma infecção precisamos conhecer o agente (bactéria, fungo, vírus, ricketisia) para poder iniciar um tratamento, assim também o é um uma inflamação ou seja, precisamos saber o que e por que está inflamado.
Em medicina integrativa, usamos as ferramentas básica para o exame geral e caracterizamos o tipo de inflamação ou o órgão inflamado. Dependendo do caso orientamos o cardápio. Muitas vezes, o paciente está totalmente inflamado e, algumas vezes, apenas algum órgão. Tudo é sabido pela anamnse e pelos resultados dos exames complementares.
Os alimentos chamados anti-inflamatórios contêm nutrientes específicos, como antioxidantes como os polifenóis, vitaminas (essencialmente C e E), minerais (zinco, selênio, magnésio, cálcio), fibras, ômega-3 e 6, e principalmente, não produzem esterases, não ativem zoluninas, não aumentam radicais NH3.
Faremos um capítulo exclusivo sobre “Dieta anti-inflamatoria”
Dieta DASH
O “DASH” na dieta DASH significa Dietary Approaches to Stop Hypertension .
Esta dieta foi desenvolvida pelo Instituto Nacional do Coração, Pulmão e Sangue para parar ou prevenir a pressão alta, também conhecida como hipertensão.
A dieta Dash é um padrão alimentar saudável criado por cientistas norte-americanos na década de 90 para ser testada em indivíduos diagnosticados com hipertensão (pressão alta). O resultado da adoção dessa dieta, que inclui a ingestão de frutas e outros alimentos no dia a dia dos participantes da pesquisa foi a diminuição da pressão arterial, mesmo sem a perda de peso ou a redução da ingestão de sal.
A dieta DASH é caracterizada pela adoção de um hábito alimentar com quantidades elevadas de frutas e vegetais, elevado consumo de cálcio (leite e derivados), além de um consumo reduzido de gordura saturada. Com essas características, esse estilo de dieta é bastante eficaz na prevenção e tratamento das doenças cardiovasculares, principal causa de morte no Brasil e no mundo.
Várias revisões sistemáticas e meta-análises foram concluídas na tentativa de entender a relação entre a dieta DASH e os riscos de doenças e condições de saúde específicas .
A dieta DASH está associada a um risco reduzido de doença renal crônica ( DRC) .(faremos outros artigos focados nessa dieta)
Dieta MEDITERRÂNEA
A dieta mediterrânea tornou-se de interesse para os pesquisadores na década de 1950, quando certas populações na bacia do Mar Mediterrâneo estavam em melhor saúde geral, com taxas mais baixas de doenças cardiovasculares e metabólicas e maior longevidade do que as nações mais ricas do mundo ocidental. Assim, a dieta remete às culturas alimentares tradicionais dos países que circundam o Mar Mediterrâneo, incluindo Grécia, Itália, Espanha, Marrocos, Egito e Líbano. Os alimentos básicos da dieta mediterrânea incluem frutas e vegetais, grãos integrais, frutos do mar, nozes e legumes e azeite de oliva. Em menor quantidade, são consumidos aves, ovos, queijos e laticínios. A dieta mediterrânea é destacada no Dietary Guidelines for Americans (DGA) como um “padrão alimentar saudável”.
Essa dieta não é restritiva como muitas dietas da moda; em vez disso, enfatiza a ingestão de alimentos ricos em nutrientes sem contar calorias ou omitir completamente qualquer tipo de alimento. É uma dieta bastante interessante e fácil de seguir. Não é um tipo de dieta de foco ou seja, não propõe uma determinada modificação metabólica mas sim em equilíbrio simples que pode ser seguido quando a necessidade básica do organismo estiver, também em equilíbrio. Também esta dieta será discutida em detalhes em outros artigos.
IMPORTANTE: ALERGIA ALIMENTAR e INTOLERÂNCIA ALIMENTAR
O papel dos estudos com relação a NUTRIÇÃO X PATOLOGIAS é fundamental e o entendimento completo da bioquímica nutricional é fundamental. Um ponto muito importante na nutrição integrativa é saber distinguir entre a ALERGIA ALIMENTAR e INTOLERÂNCIA ALIMENTAR.
A intolerância alimentar é a formação de anticorpos IgG para combater as proteínas daquele determinado alimento (antígeno). A alergia alimentar é uma reação imunológica mediada por imunoglobulinas E (IgE) específicas e ocorre após a ingestão ou contato com um determinado alimento.
Dosagem dessas imunoglobulinas auxiliam nos diagnósticos.
A anamnsese é importante pois assinala também o tipo de reação. O tempo do início dos sintomas também é uma distinção entre as duas condições. Em boa parte dos casos, as alergias causam reações mais rápidas no organismo, enquanto a intolerância pode apresentar manifestações muitas horas, dias e até meses após a ingestão se tornando até mesmo um processo crônico confundido ainda mais o diagnóstico.
A intolerância alimentar geralmente ocorre devido a falta ou deficiências de enzimas que são responsáveis por fazer a digestão e absorção de um certo alimento. Algumas vezes é preciso correlacionar a ingestão de alimentos x inativação enzimática e mesmo alteração de pH ótimo para a atividade da enzima. Esse cenário faz com que o produto permaneça no estômago e sature, resultando no aparecimento de sintomas, como: diarréia, dor no estômago, inchaço abdominal, refluxo gástrico, tontura, etc.
Temos, por exemplo, o caso das doenças inflamatórias intestinais que nem sempre têm relação com a intolerância alimentar.
Os indivíduos com doença inflamatória intestinal podem ter reações alérgicas a alguns alimentos, mas é importante saber que as DII não estão relacionadas às alergias alimentares. Portanto, alguns pacientes podem apresentar alergia ou intolerância alimentar do mesmo modo que pessoas que não têm a doença.
A confusão é comum pois, nos períodos em que a doença está em atividade, é preciso evitar alimentos flatulentos, ricos em fibras insolúveis, gorduras e açúcares em excesso e, em alguns casos, laticínios.
Para evitar confusões, é importante saber a diferença entre alergia e intolerância alimentar.
Como dito acima, as alergias alimentares são reações do sistema imunológico contra proteínas presentes em alguns alimentos e ocorrem quando o organismo reconhece esses elementos como inimigos (antígenos) e aciona o sistema de defesa.
Essas manifestações alérgicas, podem ocorrer imediatamente ou levar alguns dias, e apresentam sintomas bem variados, como manchas na pele, inchaço nos olhos e na boca, vômitos, diarreias e até reações graves que podem comprometer vários órgãos. “Os alimentos mais comuns que desencadeiam reações alérgicas são leite, ovo, soja, trigo, amendoins, castanhas, crustáceos, peixes e qualquer outro alimento tem o potencial alérgico dependendo da pessoa dependendo, inclusive, da região e dos hábitos alimentares. As alergias se manifestam primariamente na infância e o indivíduo pode, ao longo da vida, desenvolver uma intolerância ao alimento, ou, reverter essa alergia e o organismo passa a aceitar o alimento normalmente. Muitas vezes a alergia é sazonal. Um alerta é que, uma crise alérgica mais tênue pode ser agravada caso o paciente entre em contato com o alimento alérgeno pela segunda vez podendo levar, até, a um choque anafilático fatal. Tudo é muito relativo e precisa ser bem estudado.
Já as intolerâncias alimentares são reações não imunológicas que podem decorrer de doenças metabólicas, intoxicações, deficiências enzimáticas ou outras situações que envolvam alimentos. Um bom exemplo é a lactase, enzima responsável pela digestão do açúcar do leite (a lactose), cuja ausência pode levar à intolerância à lactose.
Uma avaliação nutricional integrativa importante que traz muitos pacientes para nossa clínica é a determinação de possível DII. (Doença Intestinal Inflamatória)
Na DDI (doença intestinal inflamatória), o intestino fica inflamado, geralmente causando dor abdominal, diarreia recorrentes ou constipação severa. Outros sintomas difusos também são bastante comuns tais como dor de cabeça, fadiga, enjoo, inchaço abdominal, mal estar generalizado o que traz o paciente com um quadro de sintomatologia difuso a qual devemos investigar.
Os dois principais tipos de doença intestinal inflamatória (DII) são
Doença de Crohn
Colite ulcerativa
Essas duas doenças têm muitas semelhanças e, às vezes, são difíceis de serem distinguidas entre si. Contudo, há várias diferenças que podem ser verificadas através de exames laboratoriais.
A doença de Crohn pode afetar praticamente qualquer parte do trato digestivo, ao passo que a colite ulcerativa quase sempre afeta apenas o intestino grosso.
A causa da doença intestinal inflamatória não é pontualmente conhecida, mas existem evidências sugerindo processos inflamatórios recorrentes, disbiose, alimentação inadequada, estresse, bactérias normais do intestino desencadeando uma reação imunológica inadequada em pessoas com pré-disposição genética entre outras.
Os sintomas da doença intestinal inflamatória variam conforme a parte do intestino afetada e se a pessoa tem doença de Crohn ou colite ulcerativa. Pessoas com doença de Crohn normalmente têm diarreia crônica e dor abdominal. A pessoa com colite ulcerativa normalmente tem episódios intermitentes de dores abdominais e diarreia sanguinolenta. Em ambas as doenças, as pessoas com diarreia persistente podem perder peso e se tornar desnutridas.
Às vezes, a DII pode afetar outras partes do corpo como, por exemplo, articulações, olhos, boca, fígado, vesícula biliar e pele. Essas doenças também elevam o risco de câncer em áreas afetadas do intestino.
A doença intestinal inflamatória afeta pessoas de todas as idades, mas, geralmente, começa antes dos 30 anos, geralmente entre 14 e 24 anos. Algumas pessoas têm seu primeiro sintoma entre os 50 e 70 anos. Não se sabe exatamente qual o tempo entre o inicio da DII e os primeiros sintomas aparecerem.
Dependendo da gravidade do processo, a DII pode afetar outras partes do corpo como, por exemplo, articulações, olhos, boca, fígado, vesícula biliar e pele. Essas doenças também elevam o risco de câncer em áreas afetadas do intestino.
Uma amnamnese integrativa levará a realização de exames específicos para diagnosticar corretamente a patologia, montar uma dieta equilibrada direcionada para cada paciente além de encaminhar para as terapias complementares importantíssimas para auxiliar na restauração celular.
Em outros artigos falaremos, especificamente, sobre das DII – Doença de Crohn e Colite Ulcerativa.
Matéria enviado por: Dra. Célia Wada – CRF-SP 7043